Bom, se encare fatos. Não foi um bom jogo. Isso não constata um jogo muito ruim, ou execrável como alguns parecem ver. O time criou um número considerável de oportunidades, apesar da boa partida do México na defesa. Ochoa, o bom goleiro da seleção mexicana, brilhou, evitando diversos possíveis gols. Verdade que muitas vezes são bolas alçadas, escanteios, faltas. Ou seja, armas possíveis, porém limitadas.
Enquanto o México fez um jogo na boa, compactando e saindo em velocidade, com participação bem digna de certos jogadores, como o Giovani dos Santos, Em velocidade, o Brasil segue com problemas para evitar jogadas de risco, especialmente pelos lados. Luiz Gustavo fez boa partida, errando pouco na saída. Acho justo afirmar que é o melhor jogador do Brasil na soma. Infelizmente Ramires decepcionou na função de marcar pelo lado, jogando menos que Hulk, inclusive como defensor. Na volta, Bernard entrou, e pode se dizer que criou algumas chances. No entanto, ali o jogo mudou. O primeiro tempo foi morno para o Brasil, com algumas poucas chances, porém a defesa atuou segura, sem ser pressionada demais. A partir da saída de Ramires e da entrada de Bernard, um jogador que não faz a mesma pressão, o Braisl ficou vulnerável, assustado, sofreu diversos sustos. Ou seja, se Bernard deu alguns lances de qualidade a frente, ele quase entregou o jogo atrás.
Foi uma jornada equivocada de Felipão. Não soube arrumar o time, foi pra cima da forma errada. Poderia ter sido uma derrota tanto quanto uma vitória com as defesas de Ochoa. Neymar e Oscar, melhores no primeiro jogo, estiveram abaixo de seu nível. Neymar foi bem marcado, teve dificuldade de escapar pelos lados. Quando ia ao centro, nada acontecia. Fred faz péssimo torneio. Não o tiraria do time porque tem recursos que justificam sua presença. O homem de área, o teórico alvo do time, não deu uma finalização ao objetivo do jogo. E aí caímos no velho dilema das alternativas, me parece óbvio, por exemplo, que o Chile prova que é benéfico, em certos times, usar Vargas e Alexis juntos. Jogadores que se movimentam, não param na frente, e ainda assim são alvos, decidem jogos. Ao recusar-se a levar mais alternativas de ataque abertas, Felipão deixa o Brasil preso a Fred e o time naturalmente mais estático, previsível. Cabe a Neymar, Oscar e Hulk fazerem a movimentação, como ocorreu contra a Croácia, que até sacrificou o talento de Hulk, o mudando para o lado em que rende menos para defender.
O interessante é que o Brasil teve dificuldade de criar, de escapar dos espaços ocupados. A compactação mexicana foi ótima, mas o time dele não fez um grande jogo também. Se olharmos o desempenho de certos jogadores brasileiros, uma partida mais forte de jogadores como Guardado ou Peralta, teriam feito de uma vitória história uma possibilidade real.
O caso de Paulinho merece um texto só seu. Não faltam evidência de que ele está atuando abaixo da crítica, nem se parece o jogador de pouco tempo atrás. É preciso analisar as alternativas imediatamente. Sua posição é a mais importante do futebol contemporâneo e ele é nosso pior jogador na média. É triste, melancólico, ver o que se fez dele no momento. Ao contrário de Fred, há opções no elenco mais ricas. O estilo que ele costumava imprimir se assemelha mais ao Ramires, de tomar a bola e sair. O passe não é refinado, mas há velocidade, elemento surpresa. Hernanes carrega mais a bola, olha o jogo, ajuda os armadores a se moverem, pois inicia a armação atrás. Fernandinho pode fazer a mesma função, um pouco menos lento, seria um jogado que passa melhor, mas tem menos velocidade. Um pouco difícil joga-lo na fogueira como titular, mas tem bola para isso. Aí fica o desafio para o técnico do time.
Notas
Júlio César – 6,5
Daniel Alves – 5,5
Thiago Silva – 6,5
David Luiz – 6,5
Marcelo – 6
Luiz Gustavo – 7
Paulinho – 3,5
Oscar – 6
Ramires – 5,5
Neymar – 6
Fred – 4,5
Bernard – 5
Jô – 5,5
Willian – sn
Felipão – 4,5