A Copa do Mundo evidenciou que o futebol pode se construir hoje em muitos estilos, mas jamais irá encontrar sucesso se não obtiver consciência e movimentação. Isso é: fazer pressão.
A pressão não ocorre apenas no momento em que a bola está com o adversário, mas em todo instante em que os jogadores não têm a bola, ou seja, sempre há um em posse, mas outros nove estão em movimento, circulando num espaço curto, jogando em linha e triângulos cada vez menores. Isso torna a recuperação sempre mais intensa e agressiva, e principalmente, abre muitas alternativas para quando se ataca, abrindo diversas alternativas rápidas. Jogue-se no estilo de Simeone, Mourinho, Pep Guardiola ou Kloppe, mais velocidade, menos, é sempre essencial que se jogue pressionando o adversário, e a pressão começa no momento em que você ataca.
O formato exige do jogador. É preciso físico de super atleta, ou se adaptar aos espaços, como fazem veteranos no formato. A queda notória de um gênio como Xavi mostra quanto complicado é o caminho. É preciso estar sempre em movimento, preenchendo o espaço, e o adversário estará sempre em sufoco, clamando por saída similar. Essa compactação, que a Alemanha representou em sua maestria em bons momentos, com a linha alta da defesa, quando mal sucedido, termina por dar ataques fáceis e velozes ao adversário. Por isso há formas diferentes de encara-lo. Um time como o de Kloppe, Borussia Dortmund, mais rápido, menos hierárquico, tende a aproveitar melhor a compactação de Guardiola, daí tantos confrontos duros entre seus times. Embora o Bayern seja mais veloz, incisivo que o Barcelona, ainda opta mais pelo toque incessante, menos dinâmico, o que talvez reforce porque o Dortmund e o Real levaram tal vantagem contra o Bayern em 2013-14. Quando não se tem esse nível de exibição, o sistema lento falha menos. Como escolhi os quatro técnicos, tentarei destrinchar mais sobre eles.
Atletico de Madrid de Diego Simeone 13-14
O time mudou algumas vezes as peças que jogavam, mudando posicionamento de Koke e Gabi conforme quem atuava a seu lado. Para enfrentar meios mais pesados e fortes, Tiago foi essencial. Dava retomada, liberando Koke para encostar no ataque. Garcia, Diego, Adrian – muitos entravam e saiam. Um time mais consciente de suas limitações, foi a partir disso que a liberdade criativa se tornou vitoriosa. O faro decisivo de Diego Costa, Arda Turan trocando os lados, mas sempre entra por trás dos defensores, tecnicamente sendo o mais habilidoso do time. O jogador-chave ofensivo, Koke, tem apenas 22 anos e já pode ser cotado como futebolista de alta classe, com sua intensidade aliada a visão e constância. E havia um sistema defensivo de grande qualidade, que nem sempre subia tão alto sua linha, já que o time se posta menos a frente.
(time base)
COURTOIS
JUANFRAN GODIN MIRANDA FELIPE LUIS
GABI TIAGO KOKE
ARDA TURAN – pelos lados
DIEGO COSTA DAVID VILLA
CHELSEA de Mourinho 14-15
O mais novo dos times analisados, sua consistência tem sido fruto de um equilíbrio entre um time leve no meio, porém extremamente eficiente na frente. Não é um time tão postado a frente, se importando menos com a posse de bola. Seu parente mais forte é o Dortmund. Oscar recuado a segundo volante foi a sacada maestra de Mourinho, que assim deu outro caráter ao time no ataque. Hazard e Willian puxam os ataques velozes, Diego Costa parece mais decisivo que nunca a frente, forte como poucos zagueiros. Ele libera ocasionalmente os laterais, Ivanovic já cumpre seu papel decisivo nas bolas altas, Azplicuelta tem bons e maus jogos, mas tomou a posição que seria de Felipe Luis, esquentando o banco. Matic domina a primeira volância. Naturalmente, o game-changer para o técnico foi a presença de Fabregas, dando uma dinâmica na dupla com Oscar. É um time veloz, atento, pronto para a decisão. Os títulos devem vir.
(time base)
COURTOIS
IVANOVIC TERRY CAHILL AZPLICUELTA
MATIC
FABREGAS OSCAR
WILLIAN HAZARD
DIEGO COSSTA
Bayern de Guardiola 13-14
Optei por analisar a temporada passada, embora em grande parte pode ser estendida a temporada atual. O Guardiola do Bayern supera o do Barcelona em pelo menos um dado: não há mais conservadorismo. Se permitindo mais alterações táticas, que antes eram tentadas mais nas pré-temporadas, Guardiola trocou jogadores de posição, alterou o time entre os 3-4-3, 3-5-2, 4-3-3, 4-2-3-1… Lahm e Toni Kroos tinham papel centra, com Schweinsteiger e Tiago machucados. Toni foi para Madrid gozar de novos grandes parceiros, e nesta temporada as mudanças tem sido um pouco diferentes. Robben parece refinar sua eficiência, Thomas Muller joga pelo meio, pelos lados, Gotze idem. As alternativas só enriquecem. O Bayern joga super acima do normal, tentando não dar espaço aos adversários. A compactação tem seu preço, mas na maioria das vezes alia-se ao imenso talento para gerar vitórias.
(time base)
NEUER
RAFINHA BOATENG DANTE ALABA
LAHM KROOS
ROBBEN MULLER RIBERY
MANDZUKIC
Borussia Dortmund de Kloppe 13-14
Apesar das inúmeras lesões, a temporada passado comprovou o talento de Kloppe para adaptar jovens jogadores ao seu sistema. Menos preocupado com posse, ele joga objetivamente, saindo em velocidade, mas roubando também as bolas a frente. Hummels e Sokratis, que substituiu Subotic por grande parte do ano, ficam mais atrás, embora o alemão tenha liberdade pra subir. Os laterais apoiam, e sempre há um volante ficando para cobrir eventuais erros de saída. A frente, Marco Reus é o craque, mas o time se postou sem maiores centralismos. Na temporada atual, alguns nomes mudaram, jogadores retornaram de lesões e Lewandowski deixou o time e uma lacuna difícil de ser preenchida.
(time base)
WEIDENFELLER
PISCZEK SOKRATIS HUMMEL SCHMELZER
KEHL SAHIN
AUBEMEYANG MKHYTARIAN REUS
LEWANDOWSKI